quarta-feira, 15 de abril de 2009

Pretinho Necessário


O preto volta a dar as caras no inverno da moda. Sempre clássico, sempre chique, sempre básico, ele volta trazendo uma certa sobriedade a peças que até o último verão foram tão exuberantes, coloridas, douradas. Associado a laços e babados, ele ainda tem um quê de feminilidade e descontração, mas pode ser apenas o indício de uma mudança mais radical.O preto se transformou em objeto do desejo quando Coco Chanel, a deusa da sobriedade e da sofisticação, lançou, em 1926, o vestido que virou ícone de moda, mas conhecido como pretinho básico. Hoje, o preto continua chique, e mais do que básico, ele é necessário em qualquer guarda-roupa. Era Chanel quem dizia que "Simplicidade é a chave da verdadeira elegância".Por isso, a volta da cor pode significar que o mercado está um pouco farto do over. E nas oscilações da moda, o exagero sempre vem seguido de um momento de imagem mais limpa, e vice-versa. Depois do minimalismo dos anos 90, vimos a efervescência de cores do início do novo milênio.Nos anos 2000, as roupas passaram a identificar um certo otimismo com a vida, uma forma de dar boas vindas a um novo tempo. E que está vindo bem devagar, diga-se de passagem. Tanto que parece que cansamos de sorrir e estamos esperando um pouco pensativos. E para isso, nada melhor do que o preto.Mesmo tendo se transformado numa cor cotidiana, o preto ainda carrega uma carga simbólica forte e precisa de uma certa personalidade para não ser simplesmente a cor do luto. Pode ser inclusive descontraído, divertido, dependendo de como for usado.Na moda, o preto abre espaço para o trabalho das formas: sobreposições, recortes, alfaiataria, tudo é permitido. Nos desfiles de inverno, foi o que se viu. Embora muitos apostem que o preto está sério demais para o inverno tropical do Brasil, será que vamos resistir a ele?

terça-feira, 14 de abril de 2009

O surgimento da marca na moda

O conceito de marca tratado no passado – entendido como o nome, sinal ou símbolo, que tem a intenção de identificar os produtos e serviços e diferenciá-los daqueles dos concorrentes está restrito a um plano estático. Hoje, as marcas são mais do que simples nomes. A marca é a síntese dos elementos físicos, racionais, emocionais e estéticos do produto que ela representa e que foi desenvolvido através dos tempos.
Na moda a marca, ou griffe, tem uma grande importância e, devido a atributos tangíveis e intangíveis, as pessoas adquirem peças por valores altos. Na história da moda, é possível e importante identificar quando a marca surgiu neste contexto. A Alta Costura é considerada o berço da marca na moda porque, foi a partir do nascimento desta que ganhou importância o nome, a assinatura do criador, a etiqueta.
A Alta Costura de um lado e a confecção industrial de outro – que são as duas faces da moda de cem anos. De um lado, está uma criação de luxo e sob medida e, de outro uma produção em massa, em série e barata, imitando os modelos e griffes da Alta Costura. A Alta Costura traz a inovação, lança a tendência. As confecções inspiram-se e produzem em massa, artigos de menor qualidade a preços incomparáveis. James Laver (1989), cita a existência dos fashion plates, que trouxe grande consequência na divulgação da moda, por volta de 1770. Os fashion plates eram figurinos ilustrados das tendências de moda, e que tornaram o trabalho de costureiras mais fácil. Não era preciso viajar pela Europa para obter informações sobre as últimas tendências.
Na verdade, a confecção industrial surgiu antes da Alta Costura. Desde 1820, imitando a Inglaterra, a França passa a produzir roupas em série e a preços muito acessíveis, mesmo antes da introdução da máquina de costura. Com a diversificação das técnicas, diminuindo os custos de produção, a confecção progride e surgem grandes magazines. Com a Primeira Guerra Mundial, a confecção se transforma ganhando um aperfeiçoamento das máquinas das indústrias químicas, e maior divisão de trabalho. No entanto, até 1960 a confecção industrial permanece dependente da moda lançada pela Alta Costura. (Lipovetsky, 1989:71).
Foi no cenário do surgimento da Alta Costura, que a marca, no sentido moderno, começou a ganhar importância, junto com Charles-Frédéric Worth, que em 1857, funda sua casa de Costura, com seu próprio nome. “Sob a iniciativa de Worth, a moda chega à era moderna; tornou-se uma empresa de criação mas também de espetáculo publicitário”.(Lipovetsky, 1989:72).
Até surgir Worth, a elite da sociedade aristocrática mandava fazer suas roupas em costureiras particulares ou alfaiates de senhoras, que eram mais executantes que criadoras e respeitavam as ordens de suas clientes, ditadas por um código social preciso. O surgimento do primeiro costureiro, coincide com o nascimento da indústria em grande escala e a ascensão ao poder de uma nova classe dirigente: a alta burguesia, disposta a pagar qualquer preço para se fazer notar e renovar seus trajes freqüentemente. A burguesia, difusora de uma lógica racional, que exalta a competência e a especialização das funções, engendra o surgimento de um “ditador da elegância”.
Worth, que se afirma como criador, propõe às suas clientes, modelos confeccionados sob medida. “Surge assim um relacionamento que já não é de executante e senhor, mas de criador e cliente, e isto permite às linhas da moda se tornarem bem mais rigorosas e evoluírem com rapidez, ao ritmo das mudanças de estação” (Vincent-Ricard, 1989:56).
A Alta Costura contribuiu para a democratização da moda, que não significa “... uniformização ou igualação do parecer, (mas) novos signos mais sutis e mais nuançados, especialmente de griffes, de cortes, de tecidos, (apareceram e) continuaram a assegurar as funções de distinção e de excelência social”.(Lipovetsky, 1989:76). Além da proposta de democratização, a Alta Costura fornece uma moda centralizada, mas ao mesmo tempo internacional, tornando o criador uma celebridade e fazendo desaparecer a grande quantidade de trajes regionais e atenuando as diferenças de classe no vestuário. As mulheres do mundo passam a seguir a mesma moda, lançada em Paris.
Lipovetsky diz que, a partir do início do século XX, com Chanel e Poiret acontece uma revolução na maneira de vestir, onde “o chique é não parecer rico”. A grande diferença se dá através da marca da roupa, da assinatura da griffe, já que a produção em massa, imita as roupas dos grandes criadores. Este novo sistema foi acompanhado por uma grande promoção social, que não só permitiu ao grande costureiro reforçar sua imagem, mas adquirir um renome internacional. No entanto, as distâncias quanto às diferenças sociais continuaram a ocorrer, mas de um modo mais eufemístico, uma vez que o luxo do vestuário deixou de ser um imperativo ostentatório.
Durante a moda de cem anos, um dispositivo original apareceu na Europa, a vanguarda. Novos estilistas, criadores e até mesmo sujeitos da história propunham novos gostos estéticos, novos costumes ofuscando a tradição aristocrática. Pode-se citar, neste contexto, as coleções de Elsa Schiaparelli inspiradas no surrealismo ou o miserabilismo de luxo de Chanel. Nota-se aí um individualismo exacerbado, no que desafia as convenções da sociedade para criar algo novo. Como cita Lipovetsky (1989:94), “... a moda, como as outras dimensões do mundo humano, abre-se à experimentação acelerada, à era moderna e voluntarista das rupturas e ´revoluções´”.
Uma nova lógica surgiu com a Alta Costura: a da sedução. Na Alta Costura, uma nova tática fundada na teatralização da mercadoria e no despertar do desejo se insere. A sedução da opção e da mudança, podendo na multiplicação dos modelos fazer uma escolha individual. Nesta situação, a sedução torna-se um elemento de afirmação da individualidade no contexto da moda, despertando desejos. A moda se torna um signo de personalidade e de expressão.
Com o aparecimento do prêt-à-porter, a Alta Costura deixou de lançar a moda, as próprias coleções de prêt-à-porter é que passaram a ditar as tendências. A Alta Costura “reproduz sua imagem de marca eterna” (Lipovetsky, 1989:109) e dá prestígio para as coleções de prêt-à-porter que levam seu nome.

Fontes bibliográficas citadas:
LAVER, James. A roupa e a moda: uma história concisa. São Paulo: Cia das Letras, 1989.
LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Cia das Letras, 1989.
VINCENT-RICARD, Françoise. As espirais da moda. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. P. 53-77.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Provocação

Marca de lingeries se inpisra em pintores consagrados.
Num mix de suruba com rituais de bruxaria as fotos de Tim Bret-Day para a Agent Provocateur fazem referência aos trabalhos do pintor francês Paul Delaroche e aos do flamenco Peter Paul Rubens. Vale lembrar que a marca de lingeries usou a imagem da top Kate Moss quando todos a condenavam pelo incidente da cocaína em 2007.

sábado, 11 de abril de 2009

Outono Inverno 2009


As coleções da estação chegaram nas lojas de todo o Brasil, e como devem ter percebido o preto predomina em quase todas as peças. Mas será conseguimos encarar uma temporada totalmente "preta"? Já que o brasileiro costuma adotar uma moda mais colorida. O segredo é dar um toque de cor ao look preto, mas sempre mantendo o rei da estação na composição do visual. Sapatilhas coloridas, kefiahs, sandálias com tiras coloridas( super em alta! ), já dão um toque especial ao look. Se preferir, fazer sobreposições do preto com cores neons, são pedidos ousados da estação.

V Cidade Fashion Day

A V edição do Desfile organizado pelas estudantes do 6° semestre de Moda 2008.02, foi um sucesso. Agora espera-se ansiosamente para saber como será a próxima edição do evento.